segunda-feira, 31 de maio de 2010

As veiz eu, as veiz ocê

Temo munto a falar

Mai né tão facil dizê

Poi difíci né falar

Difíci é aguentar

O que vem depoi do dito...


As veiz eu num acridito

Que temo livre expressão

Prumode que muntas veiz

O que vemo é repressão

travestida de direito

de a tudo respondê...


Se nói pensa dôtro jeito

Assim mei que diferente

Do que as zôtra pessoa

Fala, pensa, cala ou sente

o mundo dezaba e nóis

tem que se calá pra sempre.


E num é certo nóis calar

Abri mão do que cridita

Prumode que o podê

Valor a nóis num credita

Fale sim e bem alto pôi

quem more calado é sapo

Debaixo de pé de boi.


Zufirina 2010

O amor de mim se aprochegou

Tocou minha mãoo e foi dizeno assim

Se as pessoa amasse como diz que ama

Se o amor tivesse mermo a fama

Que as pessoa fala puraí

Pode acriditar cumade

A vida siria só filicidade

E Paz ia reiná pra sempre aqui.


Aí eu iscabriada ao amô preguntei

Me diz o que de verdade ocê é

Ôce é anjo, home ou mulé…???

Cuma é que nói pode lhe reconhecê

Cuma é que nói pode ter certeza

Que o que incontrô, o que se faz, o que se dá

É de verdade, mai de verdade ocê?


E o Amor se afastô um pouco

Pra queu no seu zoim pudesse olhá

E quais que numa cantiga foi dizeno assim

Zufirina, amar se aprende amando

Amor é verbo, movimento, ação

Amor é cuma o sal que dá sabô

A mais frugal das refeição

E o lugar onde ele vive amiga minha

É onde ocêis chama coração.

E esse coraçãoo, me acridite, né no peito

É no interiô da mente umana

É de lá minha cumade que demanda

As mais clara e mais mió ação.


O amor ta sempre revestido de paixão

Proque paixão é o que move a gente

Paixão num é aquilo que se sente

E que se acaba num instante

Paixão é a energia do amor

Que faz a gente fazê o que jamais pensô

E nunca causa a nóis arrependimento

Pois o amor é de todos o mandamento

Que nunca, nunca perdeu o seu valô.


Zufirina da Silva 2010

terça-feira, 25 de maio de 2010

Se da vida um cuadro eu pintasse

Cum certeza seria multicô

Vremei cor de fogo eu pintava a ouzadia

Das pessoa que sem se canssá, noite e dia

Ispaia aonde passa o Amor.


Azuzim côr do céu siria a isperança

De quem nunca diziste de sonhá

Já de verde eu pintaria a paz

Que é a cor que abre o siná

Pra que pra frente a gente quera ir

Sem nunca querê vortá pra traz.


Cor de laranja pintava a aligria

E de lilás os sorriso mais incantador

De rosa bem clarim os poema mais bunito

Que nós cuchica nos zuvido dos amôr

Fazeno as zistrêla dispencá do infinito.


E eu ia ispaiá na tela

Uma chuva de muitas zôtras cor

Formano um céu cheiim de istrêla

E todo mundo de braço istentido

Cum a mais bunita fulô em cada mão

Dizeno, sem palavra, pra mió sê intendido

Que mais que a boca deve falá o corassão.


E adispois da obra sê pintada

Uma bela serenata ia fazê

E a cantiga imbalada pelo vento

A luz da lua cum o fogo da paz ia acendê

Pra que nunca um solitário coração

Por razão ninhuma dezistisse de viver.


Zufirina, 2010



domingo, 23 de maio de 2010

Aqui tô eu assentada

Na sombra das tamarina

Arrescordando o tempo

De quano eu era minina

E ói já faz munto tempo...

Mai pro meu contentamento

Parece que foi anteonte.


Sinto no peito uma sordade

Mai num chega a sê tristeza

É uma sordade sardosa

Uma coisa inté gostosa

Que é bom de se sentir...

E de veiz inquanto inté

Faz eu me pôr a sirrir.



Me alembrano aqueles tempo

Lá no siitio onde eu morava

Cum toda a minha famia

E sabe queu nem sabia

O quéra priocupação?

Tudo pra nói era aligria

Cum gostinho de sertão.


Nói a corrê nos terrero

Ou tumano bãe nos ri

Subindo nos pé de manga

e nos pé de goiabêra

Armano os nosso quichó

Pra vê se um preá pegava

De tudo a gente brincava

Tudo era aligria só.


Num sei se vortá o tempo

Praquele tempo eu quiria

O que nói viveu foi bom

E feiz bom os zôtros dia

Que cada dia nasceu...

E o que nóis tem a fazer

É a Deus agradicer

Por tudo quele nos deu.


É isso!

Zufirina, 2010